terça-feira, 6 de maio de 2008

O peso do governo em seu bolso

O artigo a seguir foi originalmente publicado em setembro de 2005, no mensário Folha do Porto, página 22, que circula no bairro Menino Deus e arredores, zona central de Porto Alegre, com 14.500 exemplares, para uma população residente de 31 mil, mais umas dez mil circulantes, atingindo um total de uns 45 mil leitores. Os valores são para aquela época, mas não é difícil para o leitor os atualizar. Serve, penso como guia para entender o tema. Grato.

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Para um mero redator de notícias, entender o quanto custa o governo, implica em entrar no labirinto, sem novelo de lã. Para não se perder, adotou-se um fio condutor: dividir o orçamento estatal pelo número de pessoas ocupadas, as que geram renda e sustentam a máquina estatal (à força, claro).

Partiu-se do valor do orçamento da União, do do Estado do Rio Grande do Sul (exceto o que recebe da União e o que repassa aos municípios), do de Porto Alegre (exceto o que recebe para o SUS e outras transferências vindas da União).

Para saber o número de pessoas ocupadas no Brasil, no RS e em Porto Alegre, recorreu-se ao IBGE.

União - O orçamento da União, em 2005, é de R$ 1 trilhão, 642 bilhões, 362 milhões, 320 mil e 73. A população ocupada no Brasil é de 79 milhões, 250 mil e 627 pessoas, a partir dos dez anos de idade.

Assim, a União custa, para cada brasileiro que trabalha, a fortuna de R$ 20 mil e 723, com 65 centavos em 2005. Mensalmente, a média é de R$ 1.726,97/ocupado.

Estado - O governo do Estado/RS custa, em 2005, R$ 17 bilhões, 277 milhões, 716 mil e 891. Subtraindo-se o que a União envia e o que o Estado repassa aos Municípios, restam R$ 11 bilhões, 183 milhões, 757 mil e 616. No RS, a população ocupada é de cinco milhões, 579 mil e 178. O Estado custa R$ 2.004,55 por pessoa/ano, ou R$ 167,04 ao mês.

Porto Alegre - A leal e valorosa tem um orçamento para 2005 de R$ 1 bilhão, 897 milhões, 264 mil e 267 com 11 centavos, já subtraído o SUS (são R$ 288 milhões). Subtraia-se outras transferências da União (R$ 75 milhões, 308 mil, 205 com 37 centavos). Resta R$ 1 bilhão, 821 milhões, 956 mil e 61 e 74 centavos.

O número de ocupados em Porto Alegre é de 801.910 pessoas. Cada uma entra com a cota anual de R$ 2.272,02 ou R$ 189,33 ao mês.

Total - Ao somar União, RS e município, vemos que cada pessoa ocupada de Porto Alegre entregaria aos governos, à força via tributos, o valor mensal de R$ 2.083,34.

Juro alto - Como o povo não tem esse dinheiro, e o governo reduziu, desde o Plano Real, a falsificação de moeda (imprimir dinheiro) para honrar suas contas, endivida-se, com taxa de juro de 19,5%/ano. A dívida está em 51% do PIB. O juro alto impede os investimentos e o rumo da prosperidade.

[Hoje, 2008, o juro está em uns 13% ao ano, reais a uns 9% descontada a inflação, e a dívida em uns 49% do PIB. Não altera muito o quadro, altera?]

Versus o PIB - O orçamento do governo estadual vai a 11,58% do PIB de R$ 149,2 bilhões. O do município, a 14,5% do PIB de R$ 13 bilhões, 79 milhões e 160 mil.
A indecência está no orçamento da União. O PIB brasileiro está em torno de R$ 1 trilhão, 439 bilhões, 607 milhões e 260 mil. Assim, a União consome todo o PIB e mais 15 %. E ninguém vai preso.

Versus os rendimentos - Ao contrastar o custo dos governos com o rendimento médio da população ocupada, percebe-se a impro-bidade administrativa reiterada.

O rendimento médio mensal, nas seis regiões metropolitanas é de R$ 968,30 (carteira assinada). De R$ 629,40 (sem carteira) e é de R$ 761,20 para quem trabalha por conta própria. Em Porto Alegre, o governo custa R$ 2.083,34/mês para cada pessoa ocupada.